Djumbai

Djumbai é uma palavra do crioulo da Guiné-Bissau utilizada para descrever convívio, encontro de pessoas, troca de ideias e pensamentos, conversas. É um "estar" inteiro , estar com, estar ali, estar com as pessoas, nelas, e deixar que elas estejam em nós. Ouvir e falar. Estar em silêncio também. É estar. Esse estar onde somos nos outros e os outros são em nós. Sem a poesia da expressão; apenas a naturalidade da companhia dos que comungam num mesmo espaço do mundo
Nenhum guineense te explicará este termo com tantas palavras. Porque foi assim que cresceram: em djumbais de alpendres onde todas as casas são tuas, em sombras de cajueiros que amenizam o calor tórrido. É onde a vida acontece e se aprende, sem saberes que a vida está a acontecer, sem consciência dos ensinamentos. É permanecer nos momentos e partilhá-los.


Resolvi importar o conceito, porque é um conceito que importa. Importa conhecer. Importa aprender. Estar com os outros sem esforço e sem cerimónias. Não trouxe a sombra do cajueiro nem os alpendres que circundam as casas nas tabancas da Guiné-Bissau. Trouxe a vontade de estar.

Depois de tanto tempo longe, as férias estão a ser passadas em djumbais. E sempre que vem a tão repetida pergunta "O que tens feito?", djumbai é a resposta, ainda que use palavras mais completas para o explicar a quem não conhece o termo. Não tenho feito nada de especial e tenho feito o que há de mais especial: estar com as pessoas. Era o que mais tinha vontade de fazer antes de vir, é o que me continua a apetecer fazer: estar. Porque bem mais que os luxos e os confortos, são elas que me fazem falta quando estou longe. Não apenas a presença, mas a certeza dessa proximidade à distância de um telefonema ou 15 minutos de carro.
Djumbai. Foi este o nome que dei a um convívio de amigos que fiz há dias cá em casa. (Casa! Outra palavra que me enche o coração!) E acho que nenhum deles percebeu como aquela deliciosa banalidade de uma noite de Verão entre amigos na minha casa me fez sentir tão preenchida. Porque estar com alguém nunca é banal, mesmo que as conversas sejam corriqueiras, mesmo que se repitam os lugares, mesmo que seja sair para dançar. O encontro com o outro - quem quer que ele seja - nunca é banal. É sempre uma novidade e uma aventura, uma descoberta e uma confirmação. São essas partes de nós que nos dão corpo e é dessa soma de instantes que a vida resulta.