Cores no céu

Ela gosta do Mundo. Mundo com letra maiúscula. Mundo que abriga pessoas, dessas que têm o Mundo dentro de si. E o Mundo e as pessoas confundem-se, a acrescentarem-se belezas mutuamente. Porque as pessoas onde mora o Mundo, sentam-se em diferentes lugares desse Mundo.
Parece confuso, mas não é. Porque tudo é uma coisa só.
E ela sempre com saudades. Das pessoas e do Mundo, desse todo inteiro que apenas a verdade e a entrega tornam pleno.

O caminho era novo. Não sabia o destino, mas a estrada chamava por ela. Parecia um regresso. Mas ela sabia que na vida não há regressos; tudo é uma novidade. O aqui não é o mesmo amanhã: passou-lhe o tempo e a luz, os sentires e as certezas, as memórias e os segredos.
Então seguiu, sem ver mais da estrada do que o chão que os seus pés iam pisando. No olhar, a atenção focada em ver o que o horizonte não mostrava; no coração, a segurança de pilares inabaláveis.

Como vinha de outras estradas, com outras luzes a iluminar, os seus olhos demoraram a acostumar-se, não conseguiam distinguir as cores e as tonalidades. 
Assim sem ver bem, a gente nem se sente direito. Como se a luz de fora interferisse com a luz dentro dela. Era preciso soltar o olhar, deixá-lo descobrir novos brilhos, novos raios a incandescerem o coração e o riso.

Passaram dias, muitos dias. Ou terá sido só um dia muito grande?
Só se sabe que ao amanhecer, espreitou pela janela, à procura de sinais desses que vêm do céu. E estava lá este arco-íris, a mostrar-se por cima das nuvens, a focar a atenção nele. 
Cores no céu que não iluminam, mas dão luz. Dessa luz que se bebe em suspiros de paz, em abraços de entusiasmo e fôlegos de confiança.

E ela agora segue o caminho, despreocupada com a estrada, passos serenos a descobrir ruas novas. Que os olhos ficam bem é lá no alto.



À procura

Há mesmo muita coisa que eu não sei. Mesmo muita. Nem estou a falar de factos e números. Estou a falar das coisas de dentro. Do que sinto. Do que quero. Do que sonho. E há mesmo muita coisa que eu não sei. Preciso conhecer-me melhor. Conhecer as ruas por onde passo distraída, os sítios onde me sento a descansar de olhos fechados sem ver o que está ao meu redor. 
Há tanto que eu ainda não sei. Tanto que eu não me sei.
Sei pouco. Sei-me mesmo pouco. Esse pouco que é agora o tudo que sei. Talvez deva partir daí.

Sei que não posso ficar. Mas não é altura de partir. Tenho a certeza disto. E sei-o, sinto-o, vejo-o. Não posso ficar, não quero partir. Nisto eu sei-me.
Acho que a resposta está no paradoxo de não poder ficar e não querer partir. 
Na relação entre estes dois "não's" existe todo um caminho estreito de possibilidades, mas largo de razões, imenso de entusiasmo, nú de verdades e vestido de alegrias.
É um caminho a desbravar, a asfaltar, a ligar em pontes estratégicas. 
É esse. Sim. É esse o caminho.
E não é tão paradoxal assim. O partir é o geográfico, e desse não é altura. O ficar é o conformismo, e para esse é demasiado cedo.
Não posso ficar. Não posso ficar resignada, não posso ficar alheada dos ideais pelos quais quero lutar, não posso ficar nas ações sem intenção, nos gestos vazios. Não posso ficar.
Mas não quero partir senão de mim. De mim para fora. Viagem entre gentes e não continentes.

É este o caminho.
Descobri-o agora, agorinha, no abstrato das palavras em que me concretizo.
Preciso ir além da poesia. Tudo é mais fácil na poesia. E mais difícil.

Vidas

A vida é só uma, mas há tantas vidas. Tantas histórias, tantas relações, tantos percursos, tantas saudades, tantos amores, tantos sofrimentos, tantos caminhos.
A vida é só uma, mas nós somos muitos. Todos os que cabem no "nós". Mesmo muitos. E somos tantos, que nos esquecemos, por vezes, que a vida é só uma. A(s) nossa(s) vida(s) cruza(m)-se e permite(m)-se vida nesse cruzamento. Só num emaranhado de existências acontece Vida.

Desde criança que me inquieto acerca do que existe nas pessoas que passam anónimas nos meus dias. Na senhora da caixa do supermercado, no jovem no autocarro, nos viajantes dentro do avião que voa lá no alto.
Não conhecemos a pessoa para além da imagem do corpo. O que há dentro dos olhos, atrás de cada semblante? Desconhecemos.

Mas sempre que descobrimos as histórias dentro da imagem, aquela existência é então parte da vida, da nossa, ainda que uma só.

Tenho descoberto muitas histórias e muitas pessoas; (d)efeito profissional em espaços que se dão à partilha, quando o secreto de nós se quer libertar, quando os gritos já arranham a garganta para saltar cá para fora. Nem sempre sei o que dizer, nem sempre tenho respostas adequadas, nem sempre tenho novos caminhos a apresentar. Restam-me os olhos arregalados e os ouvidos atentos. E o coração aberto a essas existências que aumentam a vida que eu conheço.

Como agora, há pouquinho, ao ouvi-la na pequena epifania da sua vida só inteira quando misturada nas vidas nos outros, uma só afinal.
Enquanto os olhos brilhavam do que doía, o sorriso aberto e sincero confundia-me. Como se não se pudesse sorrir à dor. Mas pode-se. Assim ela até fica mais calma e retribui o sorriso em jeito de intervalo da agonia.
Falava-me de sofrimento, de clausuras da alma e do corpo, de distâncias, de vazios, de isolamento.
E aquele sorriso sempre aberto, sempre inteiro, sempre maior que a tristeza das palavras.
Contando já algumas semanas desde que a conheci, nunca adivinharia assim um cansaço de amarguras. Tal é a alegria constante, a voz firme e doce ao mesmo tempo, a energia e o entusiasmo. Afinal, pode-se sofrer a sorrir. Quem diria?

Incrível como um trabalho que paga tão pouco me enriquece tanto! 
Eu a colecionar tesouros.

Querer Ser

Querer ser. Esse sussurro constante cá dentro, que é apenas verdade quando se transforma em grito, quando paramos de fingir surdez e iniciamos caminho, mesmo que ainda à procura de direções.
É mais fácil inventar contentamentos do que seguir aquilo que queremos para nós e para o mundo.
Querer algo é uma ousadia muito grande. É saltar no escuro sem saber se essa vontade terá um chão a amortecer a queda. Mas é também deixar que se ergam as asas dos que transformam os desejos em ações.

Fico a pensar que é mesmo isto que nos define: aquilo que queremos ser. O que queremos mesmo. Aquilo que nos faz levantar da cama de manhã de sorriso no rosto para enfrentar desafios, com entusiasmos que nos acordam por dentro, por ideais que nos despertam a confiança no mundo e na humanidade.
E, acima de tudo, o simples querer ser. Ser. Essência. Querer ser inteiro. Querer ser simples, mas não superficial. Querer ser esse peixe que corre o mar e não tem medo de descer no profundo das águas onde acontecem os milagres. Ser parte de um todo interminável de pessoas e lugares, pertencer assim a essa comunhão invisível de encontros e ternuras.

E porque há tanto mais a fazer, tanto mais a ser, possa esta vontade ser sempre inquietude a impelir.

Migrações

Há exatamente dois meses atrás, acordei de coração pesado, duas malas cheias ao lado da cama, passaporte preparado, despedidas a fazer. Era quase Natal, mas era um Dezembro quente e cheio de sol, porque vivido nesse continente onde a humanidade nasceu.
Despedi-me da Guiné-Bissau num "até já!" de quem tem a certeza que vai voltar.
Horas depois, aterrei em Portugal. Aqui o Natal aproximava-se no meio do frio e da chuva, mas sempre o aconchego das pessoas a ser esse calor cá dentro.
 
Há cerca de dois anos e meio, saí de Portugal emigrante. Há dois meses, voltei imigrante.
Quem um dia salta para o mundo, corre o risco de nunca mais ter uma casa, de nunca mais ser inteiro.
Quem um dia arrisca novas nacionalidades, corre o risco de não ter nunca tijolos suficientes para construir um abrigo onde caibam todas as (suas) nações.
Quem um dia rompe essa corda que nos segura perto, corre o risco de nunca mais nenhuma corda a segurar em lado nenhum.
Mas são riscos que valem a pena. Afinal, corremos riscos todos os dias, desde que saímos da cama, e até mesmo sem sairmos.
Conhecidos os perigos, deslumbrados com todo esse mundo de gentes e cumplicidades, de caminhos e ideais, de costumes e formas de amar, não há nada que nos detenha.
 
Resta-nos, então, recorrer ao mais profundo da nossa criatividade e aprender novas formas de ser inteiro, mesmo que em pedaços. Um puzzle é inteiro mesmo sem estar montado. Então, que saibamos ser essas peças espalhadas que às vezes se encontram, essas partes de nós que serão sempre radar dos sítios onde iremos voltar, dos sítios de onde nunca partimos, dos sítios que moram em nós e nos guardam um cantinho para dormir nas viagens ainda sem bilhete.  O inteiro não tem que estar colado. Tem que Ser inteiro. Tem que se saber. Inteiro é o mundo. Inteira é a humanidade. Peças que encaixam.
 
Sai daqui emigrante. Voltei imigrante.
Há dias, numa reunião relacionada com o trabalho, alguém se apresentou como sendo guineense. E eu, coração de imigrante, pulei cá dentro na alegria de quem encontra um conterrâneo, de quem poderá partilhar as dificuldades de adaptação às diferenças na comunidade de acolhimento.
É engraçado como, efetivamente, ainda me sinto a adaptar e quase ando com o meu passaporte a pedir visto de residência. Parece que não é preciso, que tenho nacionalidade.
E gosto deste país, mas ainda estou a aprender a língua e os costumes. Falta-me aquele crioulo que não tem tradução no português, falta-me cumprimentar as pessoas na rua, confiar na genuinidade das ações, na pureza das intenções.
Ainda me estou a habituar à temperatura e às excessivas camadas de roupa em cima da pele. Talvez seja a roupa a pesar-me cá dentro. Ou seja apenas eu ainda a aprender-me inteira em pedaços.
 
E é com um sorriso de entusiasmo que escrevo sobre esta minha condição de imigrante. Porque, ainda que entre saudades, me alegro sempre por esses bocados de mim que, embora longe, me lembram quem sou, me inspiram, me apontam o caminho.

Beber paz

É preciso beber paz.
Pode ser quente, fria, com açúcar ou sem açúcar, como preferirem. Mas é preciso beber paz!

Beber os raios de sol que se atrevem a rasgar as nuvens, beber aquele arco-íris no meio de taaantos dias de chuva, beber as cumplicidades que espreitam nos estranhos com os quais nos cruzamos nas ruas.
 
É preciso beber paz!
Beber livros que nos aumentem cá dentro, beber pessoas que são vida em nós, beber silêncios tranquilos, beber músicas que dançam no nosso peito.
 
É preciso beber paz!
Engolir horas de conversa boa com amigos, aceitar todos os copos de gargalhadas que nos oferecem, garrafas cheias de entusiasmo.
 
É preciso beber paz, minha gente. É preciso beber paz!
Podem misturar com qualquer alimento, não há interação. Porque esta paz que se bebe vai diretamente para o coração, e em vez de lhe pesar, torna-o mais leve. Fica o coração a flutuar em nós, nessa maré boa e calma de um dia quente de Verão. Com este frio molhado lá fora, somos nós que temos que nos aquecer por dentro. E não, não vale a pena ligarem aquecedores. Basta beber paz.

Já põem tanta coisa dentro de frascos, que me admira, no corredor dos iogurtes, não haver ainda um com um rótulo a dizer "essência de paz".
Talvez não falte muito. Até lá, tem que ser mesmo feito em casa. E há tantas receitas! Tantas formas de beber paz! Não fica caro e pode beber-se tanto quanto se queira. É que não há mesmo contraindicações. Por incrível que pareça, bêbada de paz, ficas ainda mais lúcida, mais plena.

E tu, já bebeste paz hoje?

Demorar


Assim só. Simples assim.
Não te demores.
Se chegaste por engano, volta ao teu caminho. Se foste porque achavas que havia mais, aceita e integra. Senta-te lá um pouco até essa dor passar. Mas não, não te demores.

Sentes o teu coração? O que ele te pede?
Então vai. Procura. Corre. Inventa caminhos.
Cada dia que te demoras onde não podes amar, é um dia a menos onde podes.
É melhor seguir a caminhar, ainda sem saber para onde, do que ficar onde não faz sentido. Onde não sentes. Onde não te sentem.
A estrada encarregar-se-á de te dar pistas, o percurso é ele próprio um alimento do amor em ti, de preparação para partilha disso que te habita.


"Onde não puderes amar, não te demores."

Libertar

Há coisas que são tão importantes para nós, que as mantemos prisioneiras. Amores, amigos, memórias, fotografias, textos, roupas, símbolos, lugares. E prendemo-los com tanta força, que nem percebemos que os prisioneiros somos nós mesmos: não é aquilo que está preso a nós, somos nós que estamos presos àquilo, o que quer que seja.
É, ainda, a aprendizagem do desapego. De saber guardar o essencial no lugar certo, não a carregá-lo à toa para todo o lado. Sempre esse aprender a ser inteiro, a ter o coração em paz, as mãos vazias, a mente limpa.

Liberta.
Respira fundo.
Liberta.
Guarda as coisas boas. Guarda só o que foi bom. Mas guarda.
Não podes carregar tudo contigo. É pesado. Não cabe na tua mala. Leva contigo só o necessário para hoje, para amanhã talvez.
Não é preciso deitar fora, não é preciso esquecer, não é preciso abandonar. É preciso guardar. Guardar bem, para lembrar de vez em quando, com um sorriso leve e sereno. Mas guardar.

No calor do Verão não levas contigo um casaco quente, pois não? Se saíres de casa com o sol a brilhar num céu imaculadamente azul, vais levar guarda-chuva?
O casaco e o guarda-chuva continuam a ser teus, mas estão guardados. Tu sabes onde estão e ter-lhes-ás sempre acesso, mas estão guardados.
Então, guarda isso que te pesa a atravessar os dias. Guarda. Sabes que ninguém to irá roubar. 

Se estiveres carregado de coisas, como segurarás uma flor que te ofereçam? Como caminharás pela rua sem te cansares? Como conseguirás abraçar um amigo que encontres?
É preciso seguires leve, para que a vida te possa encher. É preciso criar espaço. E para isso, tens que guardar. Libertar.

Liberta.
Sê livre.

Arriscar

Arriscar é um pouco assustador.
Não arriscar é ainda mais.

Dar um passo em frente sem saber o que há depois da curva pode ser verdadeiramente aterrador. Mas, às vezes, a vida pede-nos que sigamos sem garantias de chão para pousar os pés no passo seguinte. E não adianta consultar mapas, pedir orientações. Não há certezas. Ninguém te poderá responder acerca do rumo da estrada, nem avisar para te desviares dos buracos. 
Tens que seguir, com cautela sim, mesmo um pequeno pânico a doer na barriga, mas os olhos abertos de atenção, focados de vontade. 

O que ressoa no teu coração?
O que te faz vibrar de entusiasmo enquanto sustens o ar no peito?
Escutar estas questões dentro de nós é a mais feliz das audácias; responder-lhes é o maior desafio que a vida nos põe; seguir a verdade das respostas é aceitar a vida enquanto aventura de ser.

E quando entramos nessa aventura pelas razões certas, nada pode correr mal. Nada. Tudo é construção e caminho. Cada coisa tem o seu espaço e é degrau mais próximo da meta, sem deixar de ser lugar que vale já em si mesmo. Até o medo é para lembrar a responsabilidade dos sonhadores, a beleza das conquistas.
Viver uma aventura é mais do que praticar desportos radicais, e menos também. É diferente.
É viver o perigo, não pela adrenalina, mas pelas tuas mãos maiores, pelo horizonte mais distante, o caminho mais largo e seguro. É aceitar cair e arranhar o joelho, é admitir erros e inseguranças, é querer aprender melhor dessas quedas e desses erros e integrá-los com orgulho no teu crescimento, no teu caminho.
Se é esta a tua aventura, o que te detém?

O que te faz arriscar?
É o amor?
É a paz?
É o sonho?

Ahhhh! Então, de que estás à espera?
Avança!

O luxo da saudade

Cerca de 5.000... É o número de quilómetros entre o aqui e o chão que me segurou durante quase dois anos e meio.
Esse pedaço de mundo hoje não está perto, mas está dentro. Está aqui dentro a doer e a incomodar, a acordar-me durante a noite e a distrair-me a meio do dia. Está aqui dentro a lembrar a simplicidade e a entrega, o cansaço inteiro de paz, a luz e as cores, a confiança, o entusiasmo, a leveza. 
E fica o meu coração cheio desse longe tão intenso, desses dias tão cheios de tempo e vida.

A saudade é isso mesmo: um longe que está dentro, um dentro que está longe

A saudade é um luxo. 
Seja um longe no mapa ou no calendário, poder guardá-lo connosco não tem preço, e se tivesse, seria um que ninguém poderia pagar.
A saudade é esse embrulho feio, esse papel rasgado, essa saca furada que guarda o tesouro mais bonito. A olhar assim de fora, é difícil, às vezes, acreditar que algo valioso brilhe naquele interior. Porque a dor nos distrai dessa beleza, porque queremos tanto que o longe esteja perto, que nos esquecemos que o temos dentro.
A saudade pesa-nos o coração das memórias, das pessoas, dos lugares, dos momentos, dos sentires... e nós nem sempre percebemos tudo o que ela guarda. Porque, na verdade, é a eternidade que grita nessa nostalgia.

Se alguém me perguntar hoje qual é a coisa mais preciosa que tenho, responderei, sem hesitar: as saudades.
As saudades que tenho da cor da terra, dos sons dos dias, dos momentos em que as frustrações eram ultrapassadas, das horas no corredor num tédio afinal tão divertido, dos djumbais no alpendre.
As saudades que sinto de falar mantenhas, de ver a Helena chegar de manhã, do Malaquias a caminhar devagar de olhos no chão, o Edu envergonhado e sempre sorridente.
As saudades das chuvas que bebi e das pessoas com quem as partilhei, das estrelas que vi caírem e das que nunca deixaram de iluminar.
As saudades delas nas noites de música dançada e nos dias das conversas intermináveis de sentidos.
E as saudades dele (meu Deus, tantas saudades dele...!). 

Que bom ter saudades! 
Que sorte viver o longe aqui dentro.
Que luxo...!


Ah, nha Guiné-Bissau...! N'disdjau maaaal!