Mafalda

Quando nasceste, o mundo nunca mais foi o mesmo. 
Quando nasceste, o mundo ficou igual a sempre. 
Quando nasceste, o mundo deixou de ser mundo. 
Quando nasceste, o mundo passou a ser mundo.

Foi assim esse parto de tudo e de nada, e de tanto a explodir em mim, e de tanto a serenar-me. 
Foi assim esse parto da luz mais incandescente, do escuro mais profundo, da gratidão mais incrível, do medo mais avassalador. 
Foi assim este parto de amor.

É o amor. O princípio de todos os amores que há no mundo. A fonte que é água a saciar vida de todas as formas.
Ninguém precisa da maternidade para saber o que é o amor, mas agora que sou mãe, sei que é esta a matéria-prima de tudo. O amor que os nossos pais nos impregnaram um dia. Este amor assombra a humanidade de esperança e fé. Este é o amor que nos faz continuar a acreditar, continuar a caminhar. Este é o amor que nos faz sonhar a paz.

Ver-te adormecer

Ver-te adormecer é o mundo inteiro de paz. 
Este amor brutal a dar sentido, âncora segura a prender-me por entre o mundo em mar revolto, revoltado.
Os olhos entreabertos. Esse coelhinho contente que descansa na tua mão. A música suave embala o teu sono e abafa o barulho da guerra. Tudo é paz aqui ao teu lado.

Deito-me paralela a ti e és tu todo o meu horizonte. Na hora de dormir e para o resto da vida. És o mais longe que eu vejo. A paz que aspiro.