Faltavas tu


Faltavas tu.

No fim de um caminho lento e demorado em entusiasmos, sorrisos e ternuras, percebo que ainda me falta o teu olhar. E não há como celebrar o Amor sem ti. Ainda não tinha visto o meu avô. Olhei à volta, à tua procura. E tu estavas logo ali. Logo atrás. Pertinho. E em ti, todo o nosso céu de saudades. Agora já não faltava nada.
Não contei a ninguém. Mas tu viste que te procurei. Tu viste que a festa não podia começar sem ti. E bastava sabermos os dois. 

Às vezes ainda sinto esse salto no coração a lembrar-me para te procurar com o olhar. 
Às vezes ainda rodo a cabeça, arqueio as sobrancelhas, estico o corpo...
Mas agora olho e tu não estás lá. Por mais que te procure. 

Hei-de aprender a ver-te cá dentro. 
O invisível (ainda) é muito longe.


E afinal não soubemos só nós.
Dias depois, a prima envia esta foto.
Ela sabia. Ela viu esse olhar sôfrego de ti.
E registou esse momento.
Ela já sabia a benção que era procurar
e ver a devolução do amor com o olhar.
Sempre que olho para este fotografia, vejo o teu sorriso,
o coração fica sereno e sinto que posso celebrar a vida.
Nesta fotografia, ainda consigo ver a reciprocidade do nosso amor,
essa luz dos teus olhos que é(ra) aconhego incondicional.
Nesta fotografia, ainda és. Ainda somos.

Eternidades que acordam

Naquela noite, acordaste-me várias vezes.
Foram intervalos de sono curtos onde conseguiste trazer-me baldes de alegria e gratidão. Em memórias pouco claras no limbo dessa madrugada em vigília, vi sorrisos e abraços repetidos e atropelados; senti esse amor incondicional e constante, essa ternura quase magia, essa presença divina que os avós sempre deixam no mundo. Voltava a adormecer com a tua imagem de paz, para logo a seguir acordar com as tuas mãos a aquecerem as minhas e de novo esse amor gigante a abraçar o sono. 
Ainda não sabia se estávamos em despedida, e hei-de querer-te sempre mais, mas só conseguia pensar no tanto a agradecer. No tanto da minha vida que vem de ti, no tanto de amor que somos, no tanto, tanto, tanto.
E então, partiste.
E então, és eterno.

(Até já.)