Pequenez

Tenho pensado em como preciso ser maior. 
O mundo é uma caixa de desafios e às vezes sinto-me esmagada pela complexidade de alguns. O primeiro instinto é ignorar, olhar para o lado, fingir que não percebo. Depois acabo sempre perdida em reflexões vazias de respostas e volto a fingir o meu desentendimento. Ainda que nem precise fingir muito, porque a maior parte das vezes não percebo mesmo. E quando percebo, vejo soluções tão simples, que fico a pensar que talvez não tenha compreendido realmente o problema.
Vivo entretida a tentar fazer alguma coisa, realizada por me sentir a viver o meu sonho, feliz por alguém o ter escolhido por mim, pois certamente eu não saberia escolher tão bem. Mas o sonho é maior que a sua própria vivência e eu sou mais pequena que a realidade. Tão pequena que não consigo sequer tornar real o sonho que vivo. Serei eu digna deste sonho se me limito a sonhá-lo?

Na verdade, sinto-me absolutamente inteira na minha pequenez. Então talvez me falte apenas essa humildade: reconhecer o meu tamanho enquanto o vivo em plenitude. Concentrar-me nas minhas pequenas e invisíveis tarefas e depositar nelas o entusiasmo e a dedicação de uma odisseia. Se é isto, fico tranquila na minha alegria grande de vida e prometo seguir atenta. 
Mas, ao mesmo tempo, assusta-me o quão facilmente nos contentamos com a nobreza dos nossos actos, com o "fazermos" a nossa parte". É isto que dizemos a nós próprios em momentos de frustração; é isto que dizemos aos outros quando os vemos desanimados. E a verdade é que traz sempre um efeito apaziguador. Ficamos em paz e continuamos o nosso caminho.

Eu confesso: sinto-me tão bem nas coisas pequeninas! Que acho que procuro apenas argumentos para me manter ocupada e feliz com elas... E quando olho para o mundo, repito a mim mesma esse cliché fofinho: "Estou a fazer a minha parte." 
Depois tudo ficaria bem, não fosse essa voz que diz baixinho: "E se não for suficiente?"

Longe de utopias

Ele é piloto. Está a trabalhar para um hotel, numa ilha, num país. Transporta clientes entre a ilha e a capital. Transporta também as suas malas. Uma vez transportou não-sei-quantos quilos de ouro. O inglês "gold" e o barulho de um bar nessa capital fizeram-nos ouvir "droug". E afinal não ouvimos assim tão mal. Desconfia que, sem saber, transporte droga. Só não tem a certeza, porque assim é mais fácil dormir à noite. E porque, na verdade, está só a fazer o seu trabalho, cuja responsabilidade se encerra em pilotar um avião. 

É assim que o mundo segue. É assim que as pessoas dormem à noite. É assim que nada muda. É assim que se perpetua a pobreza e a estupidez num país que tem as melhores pessoas do mundo e os piores dirigentes, ricos por fazerem parte do mais lucrativo e destrutivo negócio do mundo.

E ele é um rapaz simpático, atraente, algo angustiado por essa "dúvida". Mas está a fazer o seu trabalho. E atira para um canto essa questão do eventual transporte de drogas, e dessa vez que transportou armas e só percebeu depois, porque em Maio vai embora, e até lá há sol e praia e piscina e vinte filmes por semana para não sobrar tempo para a consciência pesar. E porque pode sempre distrair-se com as malas dos clientes, que são apenas isso, bagagem de turistas.

No fim da noite, já perto da manhã, volto a lembrar esse rapaz que só pilota um avião. Se não fosse ele, seria outro. Mas não consigo deixar de julgá-lo por não fugir e ir pilotar outros aviões. Porque conheço as caras, os nomes, as vozes, de quem luta diariamente para sobreviver num país de gente cansada de aviões entre as ilhas e a capital, raiz da eterna instabilidade; segredo mal guardado, que ninguém é ignorante deste assunto dito apenas nas entrelinhas.
E porque me irrita a minha pequenez invisível, a minha incapacidade. Porque me dói não ser nem um pouquinho melhor do que esse jovem piloto. Porque depois desta conversa fui dançar e rir. E porque agora não consigo dormir. Porque quero outro mundo, mas não sei o caminho. Porque quero outras acções, e o meus gestos ficam-se nestes dedos sobre o teclado. Porque quero utopias e me fico pelo banal. Porque explode em mim um sonho, mas não consigo sequer adormecer para sonhá-lo. Acordam-me as pessoas. As que conheço e as que nunca vi. 
E queria só ser um pouquinho mais inconsequente, menos resguardada, e sair por aí a gritar. Mas sou só mais uma aqui no meio... Que contesta, que se revolta, que vence o cansaço a pensar neste assunto, mas acaba por se deixar vencer pelo sono.

Calar

Às vezes é preciso calar. O medo faz engolir palavras, mudar de assunto. 
É uma sensação estranha. Deixar de dizer. Ler nos olhos do outro as palavras que cala. E sentir nele uma calma imposta por uma resignação forçada, por um cansaço repetido e gasto, porque não "vale a pena" e há uma família para sustentar e um dia-a-dia para gerir o pouco, sempre demasiado perto de fronteiras com o nada.

Quando me perguntam como vão as coisas por aqui, digo que está tudo tranquilo. Depois de meses em que um simples grupo de jovens a correr na rua nos fazia saltar o coração, em que os militares na estrada nos faziam baixar a cabeça e obedecer a ordens ridículas pelo peso da arma comprida pendurada no ombro... Contentamo-nos com a tranquilidade, mesmo que isso não traga nada de bom à vida das pessoas e ao desenvolvimento do país.
Já não há grupos de militares a pararem-nos no caminho entre e Bafatá e Bissau umas quatro vezes. Mas o que mudou mesmo foi a nossa postura. Desistimos de actualizar os blogs do costume várias vezes ao dia e abolimos das conversas as horas intermináveis de análises e especulação. Não o fizemos por leviandade, mas porque percebemos que isso não nos acrescentava nada de bom. Aos poucos, (re)centrando o nosso olhar e o nosso esforço no trabalho que nos trouxe aqui, nas pessoas que nos dão sentido aos dias, dedicamo-nos ao que realmente podemos fazer, pouco que seja, sempre maior que o vazio das contestações em círculo  que não sabemos transformar em algo útil e produtivo.

Nestes últimos dias, em sessões de formação em que discutíamos o sistema de ensino na Guiné-Bissau e os principais constrangimentos que o fragilizam, a conversa caiu inevitavelmente nos problemas de sempre, que os formandos evocavam em meias palavras, em quase-frases, prolongadas apenas com a extensão que lembra que "não podemos dizer tudo", "isto é melhor não dizer em público", acompanhadas de expressões de frustração já perdida de sentido e caminhos. 
Mas quando a revolta é maior do que o medo, e as coisas se dizem, parece que querem rapidamente voltar ao silêncio. O alivio de quem desabafou e gritou perde a batalha com a tristeza do confronto com a realidade nua, sem as roupas meio esfarrapadas que lhe vestimos para tapar o que nos choca. Porque dizer as coisas que todos sabem escondido em si, torna real o que fingimos ignorar, desmascara a paz em que  nos "ingenuizamos"  para acreditar. 
Então fazemos um intervalo - metafórico e literal ao mesmo tempo - e regressamos ao investimento no possível e a saborear a tranquilidade que se vive, independentemente do que ela esconde. 
Porque quando não há paz verdadeira, até uma de faz-de-conta nos serve.

A bola do Malaquias

Ontem o Malaquias trouxe da escola as notas do 2º Período. Eram notas muito boas, bem melhores que as do primeiro trimestre. Ficámos contentes e elogiamos o seu esforço, o seu trabalho. Envergonhado, olhos atentos, silêncio, como quem espera todas as coisas boas que tínhamos ainda a dizer sobre ele e o seu bom desempenho escolar.
Chamamos a mãe para analisar com ela o caderno e as notas, para senti-la orgulhosa do filho "maluco", como continua a dizer, apesar de longas conversas acerca desse significado. Não que isso a faça gostar menos dele. A questão não é essa. É que quando a vida é cada dia, cada necessidade, cada esforço, falta espaço e tempo para pensar as sensibilidades de cada um. E quem não fala - ou fala pouco - é maluco; e isso é um facto, e não um insulto.
Aos poucos a Helena vai percebendo e, alegria ainda maior, o Malaquias vai falando cada vez mais.
 
Ontem a Carmen perguntou-lhe a idade:
- Cinco!, respondeu firme.
Pois ele já tinha seis quando o conheci e estava convencida que o aniversário do Malaquias era em Junho. Confirmei com a mãe:
- Helena, em Junho o Malaquias faz sete anos, não é?
- Não, Momi, ele já fez sete anos em Março, dia 6.
O Malaquias ficou admirado, mas continuou em silêncio. Expliquei-lhe:
- Vês, Malaquias, tens sete anos. Agora não esqueces mais. Quando for Março outra vez, fazes oito. Mas ainda falta muito. 
 
Aniversário esquecido e bom aproveitamento na escola mereciam ser celebrados. Pensamos qual seria a prenda ideal para um menino guineense de sete anos, e lá saímos à hora de almoço pelas ruas de Bafatá à procura de uma bola de futebol. Foi só na feira que encontramos e seguimos para casa, a bola a queimar-me nas mãos de entusiasmo... Vinha eu a imaginar como ele iria ficar feliz, e já preparada para que essa felicidade fosse apenas diagnosticada nos sinais mais subtis.
Àquela hora o Malaquias estaria certamente a dormir profundamente como em todas as tardes a seguir ao almoço enquanto espera pela mãe, porque mesmo com sete anos, o dia e o trabalho começaram bem cedo.
Já sabia que não ia conseguir esperar que ele despertasse por si e lá o tentamos acordar, primeiro sem sucesso, depois uns olhos que se abriram ao som da palavra "bola", que essa é igual em português e em crioulo. Meio confuso, perdido de sono, olhava para a bola e para nós como se ainda estivesse a tentar perceber. Voltou a adormecer, mas os olhos, intermitentes, iam confirmando a presença de uma bola nova ali tão perto.
Deixei-o então descansar, até que comecei a ouvir o barulho do plástico em mãos que se certificavam que aquilo era real.
Quando tentei tirar fotografia, já o sono o tinha vencido outra vez...




Ao final da tarde, por curiosidade, perguntei à Helena se costumavam celebrar os aniversários e de que forma. 
- Nada!, respondeu-me.
Conversamos um pouco sobre isso: não existe sequer um abraço, um "Feliz aniversário!", "Parabéns!". Nem tão pouco é comunicado à criança que, a partir daquele dia, a idade dela é diferente...
Depois acrescentou:
- Houve só uma vez que celebramos o aniversário do Malaquias: comprei bolachas, sumo e pilhas para o rádio.
 
Fiquei a pensar que talvez tenha sido quando fez cinco anos, a idade que ele acreditava manter.
 
Ontem, quando regressou com a mãe a casa, ele e os irmãos não tiveram que ir para a campanha de caju, como acontece nesta época. A bola exigia ser estreada.
 
Hoje não o vi. Assim que a escola acabou, não ficou à espera da mãe. Seguiu para casa e depois para o caju, que não se é criança todos os dias.

Irmãos

Não imagino a minha vida sem eles; não imagino os dias, o crescimento, a família.
Estão lá desde sempre. Em tudo que me lembro: na mesa de jantar, no quarto ao lado, no sofá, a bater na porta da casa-de-banho, a cantar os Parabéns, a acordar de manhã.
Entre eles somos transparentes. Não há nada que possamos esconder. E não é preciso. Ninguém nunca nos aceitará tão incondicionalmente.
Com eles descobrimos a amizade: são os primeiros amigos que fazemos e os mais importantes. Aprendemos a doçura da cumplicidade e partimos para o mundo a saber confiar e partilhar.
Se nos concretizamos em relação, é nesta que fica a minha essência.
A irmã mais velha, segunda mãe, que me apertava as bochechas e hoje me aperta o coração de saudades, que me protegeu, ensinou, orientou. Sempre me compreendeu e apoiou, concordasse ou não. Cresci a partilhar com ela as frustrações e alegrias. Nela tive sempre um ombro para chorar os dramas da adolescência, as inseguranças da vida adulta. Nela esperam-me sempre olhos gigantes de luz para celebrar conquistas e surpresas, sorrisos de ternura e gestos que me mimam e encantam.
O irmão mais novo é uma espécie de ensaio de maternidade, de despojamento, de entrega, de adoração quase ridícula, mas genuína e profunda. É menino sem tempo, mais pequeno que o seu tamanho, mas maior que o mundo, ainda a descobrir verdades e caminhos. O melhor companheiro e a melhor companhia!
Se a irmã mais velha me acolheu na família, o mais novo chegou mais tarde, mas às vezes é difícil acreditar: as fotografias antigas em que ele ainda não estava causam estranheza, como se não fizesse sentido imaginar a família assim. E não faz. Somos três. Sempre fomos e sempre seremos.
E gostamos tanto uns dos outros!
 
Acho que é por isso que os nossos pais relevam momentos como serem acordados a meio da noite pelos três histéricos com uma piada sem jeito. Porque talvez nenhum sonho, ainda que interrompido, seja melhor do que três filhos felizes que se amam e cuidam.
 
Que utopia boa esta! É mais fácil voar quando é este o nosso chão.

 
 
Irmãos. Estes sãos os meus. E são os melhores do mundo.

Faça chuva ou faça sol.

Quantas vezes já dissemos que íamos fazer isto ou aquilo faça chuva ou faça sol?
 
Lembrei-me disto a propósito dos relatos diários que me chegam de Portugal acerca das chuvas constantes, do frio que não passa, de uma Primavera que não brilha na luz do sol.
Para mim fica difícil de imaginar, nesta Guiné-Bissau onde em Março e Abril os dias namoram os 40 graus e não chove há meses.
Mas fico a pensar que isto tem que trazer alguma coisa de bom. O optimismo pode ser quase uma obsessão... e para quem está a aturar a chuva há tanto tempo, pode não ser um exercício espontâneo. Mas não resisto a pensar em como o sol será celebrado quando decidir brilhar com força. É aquela coisa deliciosa de saborear algo que esperamos muito tempo.
Hoje a minha irmã falava-me sobre uns instantes em que o sol brilhou um dia destes e a alegria dela, emocionada, como se fosse algo mesmo especial. E é. Nós é que nos esquecemos. Não há nada tão especial quanto a bola de fogo lá no alto que nos ilumina e aquece. A não ser, talvez, a água que cai do céu; mas desta andam vocês cansados, bem sei.

A verdade é que estamos, cada vez mais, habituados a ter tudo o que queremos, o que nos apetece; e depois vem uma crise económica que nos obriga a racionar tudo, a dar novos passos a caminho de um essencial que precisamos (re)descobrir. Deixamos que as coisas fundamentais se tornassem banais e precisamos educar a nossa gratidão.
As histórias cada vez mais comuns de quem, tão perto de nós (se não mesmo nós) de repente se vê com tão pouco fazem-nos estar mais atentos às necessidades dos outros, pois esses outros são cada vez mais parecidos connosco próprios e não apenas imagens comoventes que nos chegam pela televisão.
E depois a chuva. Que chove. Pode a chuva fazer outra coisa que não chover? Não. A chuva chove. Muito ou pouco, é o que ela faz.
Mas nós não somos chuva. Eu e tu. Vocês. Nós. Não somos chuva que chove. Somos gente de possibilidades infinitas, debaixo da chuva ou debaixo do sol. Então sejamos o que somos. Como a chuva que chove. Sejamos ideias e acções, sejamos partilhas e cumplicidades, sejamos escuta e atenção. Sejamos grito e canto, silêncio e tranquilidade, alegria e paz. Sejamos olhos de entusiasmo, lábios de sorrisos. Inventemos novas janelas e desenhemos um sol que brilha nos nossos olhos. Sejamos nós uma luz nova para iluminar e aquecer.

Faça chuva ou faça sol... Essa expressão que usamos para coisas realmente importantes, para aquilo que decidimos fazer independentemente das circunstâncias.
Acho que é mesmo isso que a crise e a chuva nos podem ensinar: o que é realmente importante, sejam quais forem as circunstâncias.
 
E vejam, a chuva faz os seus estragos, é certo, mas pode juntar pessoas. Que tal aproveitar a chuva que cai para, num abrigo, reunir amigos, juntar a família, pôr as leituras em dia? Não há nada como mergulhar num bom livro, deixar acontecer uma conversa daquelas onde as palavras dançam ou um convívio divertido onde o riso faz doer a barriga, para que seja primavera dentro de nós, para que lembremos o sol vivo e quente, lá atrás dessas nuvens.
Façam colecções de arco-íris, do barulho da chuva na janela, eu sei lá...
 
São tempos de sermos nós. Cada vez mais. São tempos de ser.
São tempos de partilha, de criatividade.
São tempos de aprender o que sempre esteve dentro de nós: a alegria, a paz, o amor, a gratidão. E de perceber que esse "dentro de nós" só faz mesmo sentido no plural. Como a peça de puzzle inútil que ajuda a construir algo grande quando se junta aos seus semelhantes, e é nesse encaixe que se realiza, que se concretiza. Faça chuva ou faça sol.


 

Quando tudo corre mal

há sempre algo para aprender. E há sempre - sempre! - coisas bonitas a espreitar, ofuscadas no caos, mas evidentes quando tudo acalma, como a luz que é mais intensa no meio do escuro. 
Parece um jogo que Deus joga connosco. E eu já sei: no fim de um dia mau, é preciso parar em silêncio, fechar os olhos e deixar surgirem essas tais luzes. Nunca falha!
Porque, às vezes, há detalhes que escapam, a nós e aos outros, e esses detalhes criam confusão, complicam a vida das pessoas, e ficamos algo desorientados a inventar possibilidades, alternativas que nem sempre nos agradam. Acreditamos que quando fazemos as coisas com vontade, com dedicação, nada pode correr mal. Mas pode. E às vezes corre.
E não podemos perder muito tempo em lamentações, em perceber quem tem mais culpa que quem. É preciso resolver, intervir, dar respostas. E a magia acontece quando, do outro lado telefone, ouvimos uma voz que fala sorridente, um tom de compreensão, de "problema ka tem!", histórias das alternativas que encontraram, paciência com as soluções menores que os problemas, tranquilidade de quem sabe que um problema não é o fim do mundo, não é nenhum drama. É um problema. E como aprendemos na Matemática, para cada problema uma solução. Mas aqui não há fórmulas a aplicar. Há olhos atentos, mãos de trabalho, corações disponíveis. Há caminhos novos para evitar problemas velhos.
E hoje, a dada altura até tinha medo quando o telefone tocava outra vez... "O que é que aconteceu agora?", pensava. E atendia, na esperança de ser apenas um telefonema banal. Mas não, havia outro problema, outra questão a resolver. Mas a voz do outro lado é tranquila. 
E assim, um problema de cada vez, umas soluções melhores, outras piores, o dia foi chegando ao fim. As estrelas enchem o céu escuro a lembrar que é hora de dormir, não sem antes desenharmos nós novas estrelas neste dia que tanto nos preocupou, e afinal tudo se resolveu.
Agora descansemos as pequenas frustrações e deixemos o sono repousar na imagem dos que, com serenidade e alegria, permitiram que tudo se fosse encaixando e que eu aprendesse que a vida é mesmo assim. Para a próxima vai correr melhor e hoje ganhei histórias bonitas de gente que brilha mais que qualquer luz.