Tenho pensado em como preciso ser maior.
O mundo é uma caixa de desafios e às vezes sinto-me esmagada pela complexidade de alguns. O primeiro instinto é ignorar, olhar para o lado, fingir que não percebo. Depois acabo sempre perdida em reflexões vazias de respostas e volto a fingir o meu desentendimento. Ainda que nem precise fingir muito, porque a maior parte das vezes não percebo mesmo. E quando percebo, vejo soluções tão simples, que fico a pensar que talvez não tenha compreendido realmente o problema.
Vivo entretida a tentar fazer alguma coisa, realizada por me sentir a viver o meu sonho, feliz por alguém o ter escolhido por mim, pois certamente eu não saberia escolher tão bem. Mas o sonho é maior que a sua própria vivência e eu sou mais pequena que a realidade. Tão pequena que não consigo sequer tornar real o sonho que vivo. Serei eu digna deste sonho se me limito a sonhá-lo?
Na verdade, sinto-me absolutamente inteira na minha pequenez. Então talvez me falte apenas essa humildade: reconhecer o meu tamanho enquanto o vivo em plenitude. Concentrar-me nas minhas pequenas e invisíveis tarefas e depositar nelas o entusiasmo e a dedicação de uma odisseia. Se é isto, fico tranquila na minha alegria grande de vida e prometo seguir atenta.
Mas, ao mesmo tempo, assusta-me o quão facilmente nos contentamos com a nobreza dos nossos actos, com o "fazermos" a nossa parte". É isto que dizemos a nós próprios em momentos de frustração; é isto que dizemos aos outros quando os vemos desanimados. E a verdade é que traz sempre um efeito apaziguador. Ficamos em paz e continuamos o nosso caminho.
Eu confesso: sinto-me tão bem nas coisas pequeninas! Que acho que procuro apenas argumentos para me manter ocupada e feliz com elas... E quando olho para o mundo, repito a mim mesma esse cliché fofinho: "Estou a fazer a minha parte."
Depois tudo ficaria bem, não fosse essa voz que diz baixinho: "E se não for suficiente?"
Depois tudo ficaria bem, não fosse essa voz que diz baixinho: "E se não for suficiente?"