Um dia quero saber amar assim

E para onde vai este amor?

Este saudade boa que guarda a ternura e as histórias… para onde vai este amor?

Quem me atende do outro lado do telefone como se eu fosse o mundo inteiro, o antes e o depois, o sempre inteiro infinito…Quem abre a porta e sorri de encantamento e alegria pela melhor visita que podia receber?

Para onde vai este amor? Onde encontro mãos enrugadas da vida para agarrar e não deixar que me larguem nunca? E para onde vai este amor? Para onde vai? É tanto. Para onde vai?

O vosso ficou. Está aqui inteiro. Todos os dias. Acho até que continua a crescer, a multiplicar-se, a exponenciar-se. Foi tanto que ainda é e continua.

E para onde vai este amor? Este que quero, que preciso devolver? Sou eternamente criança pequenina em egoísmo desse amor que nos eleva em pedestais de aconchego.

Não ter avós é o derradeiro teste de crescimento. É a verdadeira lição de humildade. Não somos, afinal, mais do que qualquer outro. E estávamos logo ali naquele degrau a seguir a Deus. 

Ainda que guardemos cá dentro o luxo de ter sido amados em exagero absurdo de amor, em esbanjamento de ternura e cuidado, a eternidade foge-nos das mãos.

Falta-nos a devolução. Falta-nos retribuir aos nossos avós um pouco desse imenso. Não aprendemos o invisível. Não sabemos falar-lhes nesse céu que é todo deles.

Ficam aqui dentro em amor que não pára de crescer e já não cabe em nós. Meus queridos avós.

Um dia quero saber amar assim.

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