Eternidades que acordam

Naquela noite, acordaste-me várias vezes.
Foram intervalos de sono curtos onde conseguiste trazer-me baldes de alegria e gratidão. Em memórias pouco claras no limbo dessa madrugada em vigília, vi sorrisos e abraços repetidos e atropelados; senti esse amor incondicional e constante, essa ternura quase magia, essa presença divina que os avós sempre deixam no mundo. Voltava a adormecer com a tua imagem de paz, para logo a seguir acordar com as tuas mãos a aquecerem as minhas e de novo esse amor gigante a abraçar o sono. 
Ainda não sabia se estávamos em despedida, e hei-de querer-te sempre mais, mas só conseguia pensar no tanto a agradecer. No tanto da minha vida que vem de ti, no tanto de amor que somos, no tanto, tanto, tanto.
E então, partiste.
E então, és eterno.

(Até já.)

1 comentário:

  1. O poder da palavra contra a palavra do poder. Há uma beleza tão límpida na tua verve que agasalha por dentro. Tens uma intimidade rara entre o teu sentir e o teu verbo. É um deleite ver assim um espírito tão franco a desfiar tão fluidamente as boas emoções simples. Parabéns por dares dessa maneira o que hoje se esquece amiúde, por descobrires nas entrelinhas o que as palavras não dizem, por sonhares em vertigem, por tocares no eixo da vida e por partilhares. O amor habita-te e, como diz o Gedeão, é assim que o mundo pula e avança.Tem sido um prazer deslumbrante ler-te, Mónica. Obrigado.

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