Coração apertado. Sorriso sincero, mas não tão inteiro
assim. Paz algo forçada, porque a angústia chateia. Certeza das pessoas, das
minhas pessoas. Certeza delas em mim. De mim nelas. Certeza de, no próximo
encontro, no próximo abraço, nos próximos olhares cruzados, nos sorrisos
partilhados, tudo se manter como se a presença não tivesse sido nunca
interrompida.
É essa a magia dos laços. Esses invisíveis em que fio nenhum segura o afecto e o cuidar do outro.
É essa a magia dos laços. Esses invisíveis em que fio nenhum segura o afecto e o cuidar do outro.
Então o que me faz doer o coração? Se os
trago em mim, se vos trago em mim e se me sei convosco?
O mais engraçado, ainda
que não tenha piada nenhuma, é saber que se estivesse aí, me apertaria o
coração as ausências daqui.
Sempre esta impermanência de lugares e pessoas.
Sempre esta exigência involuntária de tudo e todos. Sempre esta insatisfação de
pessoas e lugares. Sempre a querer mais. Sempre a deixar o coração doer com o
menos. Que afinal é o maior possível. Ou o maior impossível. Essa coisa das pessoas
que amamos, que nos amam. Dos lugares onde nos partilhamos, das diferentes
cores que pintam o mundo e de querermos sempre que todas se misturem nos nossos
dias.
Mas o que me faz doer o coração se há tanta vida para viver aqui? Tantas
pessoas a cuidar, tantas que me cuidam? Se há pessoas que acrescentam vida aos
meus dias, todos os dias? Se há pessoas com quem partilho, cresco e aprendo
tanto? Se há pessoas que enchem os instantes de eternidades repetidas?
Talvez
porque casa é casa. E as nossas pessoas serão sempre as nossas pessoas. E
sempre será delas o nosso coração inteiro. Porque delas partimos e a elas
sempre voltamos, por mais abençoado que seja o nosso caminho de amigos gigantes
de belezas. E porque em cada partida tem que haver o momento de dor, para
lembrá-los, talvez para dar verdade e corpo aos momentos em que as nossas vidas
se fundem numa só.
E aos poucos o coração deixará de apertar e voltarei a estar inteira por aqui.
Mas antes é preciso sentir e perceber. Integrar. E seguir.
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