Às vezes, para querer ficar, temos que pensar em
partir. Em tudo o que teríamos que deixar para trás. Nas pessoas com quem
deixaríamos de partilhar os dias. Nas cores que pintam a vida por aqui.
Por outro lado, se partirmos, há todo um outro
mundo de pessoas bonitas que nos preenchem os dias, há outros tons a colorir os
instantes.
Mas não podemos ficar no limbo. Só há o ficar ou o
partir. Não há um meio-termo, um mais-ou-menos, um assim-assim. Ficar ou
partir. Simples.
Enquanto não decidimos partir, que fiquemos por
inteiro. E se já não queremos ficar, então que partir seja uma viagem com tudo
de nós.
E sim, o “tudo de nós” é possível mesmo quando nos
sentimos presentes em diferentes sítios ao mesmo tempo, mesmo quando vamos
deixando pedacinhos de nós em lugares e em pessoas. Como é que é possível? Eu
sei lá. Mas é. Magia talvez.
Tudo começa quando decides partir um dia. A partir
daí, onde quer que estejas, estás sempre longe. Se te entregaste, onde quer
que seja, a fazer o que quer que seja, com quem quer que seja… se te
entregaste, ficaste para sempre ali, mesmo quando segues para outro ponto.
E sinto que o que estou a escrever parece não ter
sentido. Mas tem. E tanto…!
Porque é preciso aprender a ter o mundo inteiro
dentro de nós. E assim seremos inteiros no mundo. Em cada lugar. Em todos os
lugares.
Hoje eu quero ficar. E para hoje querer ficar, um
dia tive que querer partir. Não querer ficar. E vim.
Estou aqui e, às vezes, penso quando chegará a hora
de partir. Ainda não chegou. Mas preciso de pensar na partida para saber que
quero ficar.
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