Sala de espera

O que fazer na sala de espera? Principalmente quando não sabemos quanto tempo vamos esperar?
Ficar quieta? Ler as revistas deixadas na pequena mesa disposta ao centro?
Esperamos uma consulta? Uma entrevista de emprego? Uma reunião?
Talvez seja melhor prepararmos essa espera. Levar um bom livro. Música para ouvir em segredo.
Num tempo sem tempo, uma sala de espera pode ser um bom lugar de encontro connosco próprios, de reflexão, de silêncio e até de contemplação. Salas de espera são boas metáforas para a vida.
Quando não tivermos tempos de preparar a espera, ou quando ela vem sem contar, que possamos tirar proveito dela, como for possível.

Na vida, passamos muitas vezes por esperas. Algumas em salas próprias para o efeito, outras, as mais importantes, transversais aos diversos cenários que ocupamos. Às vezes, não tivemos sequer possibilididade de nos prepararmos para essa espera. E, enquanto a atravessamos, parece não haver nada para fazer. Há angústia, pode haver tristeza, e nós continuamos à espera. Sem saber bem o que esperamos, ou até porque esperamos. Mas esperamos.
Nestes momentos, que possamos tentar descobrir mais, perguntando como quem precisa de resposta, mas tem tempo para a compreender: "O que é que Deus me está a tentar ensinar?". Talvez existam, nessa espera, bons Mestres para nos fazer seguir caminho, talvez ao redor pistas ou orientações.
Que não desperdicemos nada. Nem mesmo as esperas.
E porque as semanas que vivemos são de espera daquele nascimento que se repete todos os anos, que saibamos esperar de coração confiante e olhos atentos. Independentemente daquilo em que acreditamos, aceitemos esta inspiração do Menino que nasce e das pessoas que O aguardam.
Que possamos assim, agora e sempre, aceitar as nossas esperas e reconhecer nelas a benção de possibilidades infinitas que nos cabe a nós desenhar.

Às vezes caímos na tentação do imediato, mas sabemos bem que as coisas mais importantes da nossa vida, e as melhores, fazem-se esperar... A candidatura a cursos, a uma vaga de trabalho. O bolo que esperamos no forno, a viagem para um destino desejado, aquele encontro especial que nos torce a barriga nas horas que o antecedem, o bebé que cresce dentro da mãe.
A vida é feita de esperas. E às vezes, principalmente quando esperamos uma coisa boa de data e hora marcada, essa espera é a mais deliciosa inquietação.
Mais dificeis são as esperas sem data, sem tempo, as que virão de surpresa quando menos "esperarmos". Talvez seja isto mesmo: saber esperar é não esperar. Será? Eu não sei muito bem. E também me perco em esperas que não compreendo, mas sempre me ensinam e direccionam.
É que estas esperas trazem em si potenciais riquezas que quase sempre negligenciamos. É tempo de nos demorarmos dentro de nós. De ler, de confiar. É tempo de pensar na verdade das coisas, na intencionalidade do caminho. E isto só se faz nas esperas. Não que tempo de espera signifique obrigatoriamente estar desocupado. Pelo contrário, estas esperas surgem muitas vezes no meio de uma agenda caótica de coisas para fazer. Mas há algo que nos diz que estamos em espera. Que é preciso pensar. Redirecionar.
Mas atenção, que estas esperas não nos façam nunca deixar de viver. Pelo contrário, que vivamos ainda mais intensamente, pois só assim descobriremos o que esperamos.
E depois, o mais bonito, é que sempre chega o momento que dá sentido a toda a espera.
Então que vivamos, que confiemos, que esperemos.

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