Caminhos

Os caminhos que se fazem.
Os caminhos que nos fazem.
Sou os meus caminhos e o que sou faz-me caminhar.
A estrada segue, ora com pés que a pisam, ora com pés que a desenham.
O olhar fica perto só para saborear as pequenas banalidades que dão vida à vida, mas é longe que ele mora. Sempre longe moram os meus olhos. Acompanham-me em cada instante, e é quando descanso que eles fogem por aí, a ver caminhos.
 
E porque eu sempre serei o que faço (fazendo o que sou), não sei o que fazer.
Quando decidimos a direção, parece fácil saber para onde ir. Mas nem sempre é assim. Muitas vezes, vemos o destino, mas são conhecemos o trajeto.
O importante, acredito, é não parar de caminhar. Mesmo que nos desviemos um pouco, há sempre coisas novas a aprender e descobrir, paisagens para conhecer, pessoas para encherem o nosso coração. Mesmo que doam as pernas, caminhe-se mais devagar, mas não se pare. E há tantas formas de caminhar...!
 
Então, quando surgem ruas novas, cidades que queremos conhecer, poderá ser necessário passar uma ponte, atravessar para outra estrada. Se quisermos, se for esse o nosso sentido, se assim o sentirmos.
E quase nos surpreende perceber que não podemos fazer duas coisas ao mesmo tempo, estar em dois lugares ao mesmo tempo, ser duas pessoas ao mesmo tempo... Porque queremos fazer tudo, não abdicar de nada, estar em todos os lugares, em todos os tempos, com todas as pessoas.  
As encruzilhadas dividem o nosso coração e a nossa cabeça. Se por um lado nos entusiasmam as possibilidades, por outro atormentam-nos os finais.
Despedidas nunca foram o meu forte. Sou de encontros, de partilhas, de "para sempre", de chegar, de acolher. Não sei partir. Não sei estar longe.
Apesar de estar continuamente a partir, só quero ficar.
 Apesar de estar sempre longe, só quero ser vizinha de todos.
 
O bom desta encruzilhada é que, olhando os dois caminhos, se em ambos o meu coração fica sem um pedaço, em ambos também há um mundo de coisas e pessoas que me encantam e aconchegam. Então talvez o meu problema seja apenas a abundância de graças e bênçãos.
E saber que, num caminho ou no outro, é de mim que dependem a alegria, o entusiasmo, a verdade, a entrega e a paz.
 
Num caminho ou noutro, serei eu. Em caminho. Sempre.
 
 
 

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