Era uma vez...

Todos nós gostamos de histórias. E esta é só mais uma. E uma história pequenina, sem muito para contar, mas já contada. O final? Não, não foi à conto-de-fadas, nem foi à coisa nenhuma. Foi um final. O possível. Que não havia mais páginas para acrescentar a um livro tão pequenino.
Mas, às vezes, há livros assim: apesar de pequeninos, algo nos cativa. Esse cativar bonito de atrair e envolver, esse cativar amargo que nos prende mesmo quando não queremos.
Acontece-me tantas vezes com contos do Mia Couto... Estou a ler, a saborear cada palavra, a desfrutar cada frase... E quando dou por mim já encantada na narração, a história acaba, assim sem mais nem menos, sem desfecho que me agrade. Pleno de sentir intenso e profundo, mas nem sempre apaziguador. E há momentos em que só precisamos de paz. Nestes fins, sinto sempre que queria mais daquela história, queria mais páginas, mais letras que esperam ser lidas. E perante essa frustração, o único caminho é seguir para o próximo conto, e começar tudo de novo.

Na vida nem sempre seguimos para o próximo conto. Ficamos presos ao ponto final e à história que ele termina. E alturas há em que seguramos o novo livro na mão e não temos sequer vontade de ler o título. O que queríamos mesmo eram mais parágrafos na história anterior. Era deixar crescer o encantamento e o sorriso, era pousar o olhar em palavras que parecem dançar, era suspirar e adormecer, para acordar de manhã e o livro lá, à espera de nos contar novos capítulos.

É no meio destes contos que se vivem e se contam, que ela conta, em segredo muito secreto, que morre de saudades dele. Que não esquece esse livro pequenino. E eu não sei o que lhe dizer. E ela não sabe o que quer ouvir.
Ficamos as duas, uma só, a que narra e a que lê, afinal a mesma pessoa, decomposta para se fazer maior. O livro pequenino não sabemos nem já onde está. Mas a história, essa permanece.

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