Zona de conforto

Dizem que é quando saímos da nossa zona de conforto que a magia acontece. É preciso uma certa dose de ousadia e confiança. E de amor. Aquele que trazemos em nós e nós e nos faz relacionar com os outros, quem quer que eles sejam, com interesse, disponibilidade e ternura. E assim, a tal zona de conforto vai ficando maior. 
Será?
Às vezes fico com a sensação de que a nossa zona de conforto não aumenta, apenas se desloca. E voltar é, afinal, mais difícil do que foi partir.
Acho que quem cresce somos nós. Mas será sempre preciso voltar a ousar e a confiar, repetidamente. Isso é que fica mais fácil. É uma espécie de treino de despojamento, em que nunca nos tornamos atletas profissionais, mas não desistimos de praticar.
Não é, portanto, a zona de conforto que fica maior. Somos nós que deixamos de nos contentar com o conforto em si. E vivemos de ousadia em ousadia. Sempre em desconfortos que nos dão vida. Sempre em direcção a horizontes que projectamos num qualquer infinito sonhado.
O assustador torna-se não ousar. Voltar. Levar tudo contigo, depois de teres deixado tudo de ti. Esse todo que deixas e que levas. Preparar a bagagem com cuidado, sem deixar faltar nada. Quando voltamos de viagem, as malas vêm sempre mais descuidadas do que foram na partida.
Mas para voltar inteiro, é preciso sentir que se está a partir. Só quando partimos nos entregamos, em plenitude, às acções e às pessoas.
Se queres voltar, fá-lo como quem está a partir.

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