Magia.
Preciso de magia. Preciso de ver coisas que façam os meus olhos brilharem. Preciso que os meus olhos brilhem. Nem que para isso tenha que ser eu a fazer a magia. A aprender truques e ensaiá-los. Mas preciso de magia. Mesmo que eu saiba o segredo por trás. Preciso de magia que semeie esperança no meu coração. Preciso de magia que me faça acreditar que tudo é possível. Porque se eu deixar de acreditar, nada mais é possível. E ainda é muito cedo para desistir.
Preciso de magia. Preciso de ver coisas que façam os meus olhos brilharem. Preciso que os meus olhos brilhem. Nem que para isso tenha que ser eu a fazer a magia. A aprender truques e ensaiá-los. Mas preciso de magia. Mesmo que eu saiba o segredo por trás. Preciso de magia que semeie esperança no meu coração. Preciso de magia que me faça acreditar que tudo é possível. Porque se eu deixar de acreditar, nada mais é possível. E ainda é muito cedo para desistir.
Mas às vezes fico cansada, sem
motivação, sem vontade. E ainda bem que me sinto assim, porque me obrigo a
ultrapassar e crio mecanismos novos.
Estar pelo segundo ano na
Guiné-Bissau é partilhar de cumplicidades construídas, de uma comunhão bonita
com as pessoas, de uma aprendizagem profunda de tantas coisas que as palavras
não conseguem abraçar. É já saber o caminho de cor e, mesmo assim, deixar-me
deslumbrar pelas belezas repetidas, sem deixar que percam a intensidade que
senti a primeira vez que as vi. Mas é difícil. É mais difícil.
Aceitar os constrangimentos
diários constantes e multiplicados, lidar com os mesmos problemas já com menos
paciência, o calor absolutamente insuportável, a dificuldade de fazer as coisas
mais simples e a impossibilidade de fazer as mais elaboradas, as saudades de
casa e dos meus, os bichos por todo lado, a instabilidade política e militar que
nos mantém num clima de incerteza e insegurança perene…
Às vezes sinto-me como o burro
que segue caminho a perseguir aquela cenoura que alguém pendura à sua frente.
Com a diferença de que sou eu própria que coloco a cenoura à minha frente.
Porque quando os estímulos
exteriores são, de todos os lados, no sentido de parar, ou seguir por outro
caminho, lutar pelas nossas convicções, ou até lutar simplesmente pelo nosso
bem-estar, implica voluntariamente seguir cenouras penduradas. E fazê-lo diariamente.
Várias vezes ao dia até.
Não sei, de facto, se isto é
teimosia ou perseverança. Mas chamemos-lhe perseverança. É mais bonito. Soa
melhor.
Voltando às cenouras, a verdade é
que me têm ajudado a seguir com o entusiasmo do qual não abdico. Frases que vou
encontrando, imagens que alguém partilha, um livro, uma série que me faça rir
com vontade. Tudo que possa promover o optimismo e a acção empenhada, dinâmica,
criativa. Coisas que me obrigam a parar, a pensar no sentido mais profundo dos
acontecimentos, a reflectir e construir paz bem dentro de mim. E a verdade é
que sempre chego ao ponto em que consigo ultrapassar os obstáculos que
inicialmente me pareciam intransponíveis, chego sempre à conclusão que afinal
não era assim tão complicado, não era assim tão grave. Sempre reconhecendo infindáveis
bênçãos nos meus dias e rendida a uma sensação de gratidão plena.
Claro que não demora muito até
uma nova situação perturbar a serenidade alcançada, mas já sei o caminho para
reconquistá-la rapidamente.
É uma questão de treino.
O sorriso, a alegria, a boa
disposição, não têm que ser sempre espontâneos. O optimismo treina-se. E como tudo aquilo que treinamos, vamos
ficando cada vez melhores, e ser feliz cada vez é mais fácil. E não, não são as
circunstâncias que decidem. Somos nós. Sou eu. És tu.
E é difícil, claro que sim. É preciso
treinar!
É preciso abrir bem os olhos e
procurar na paisagem impulsos de alegria para seguir; é preciso saber encontrar
nos dias os rasgos de humor, é preciso saber brincar sem pensar na
desarrumação, é preciso jogar sem pensar em ganhar.
É preciso um quintal repleto de
cenouras para colocarmos à nossa frente.
Se não temos cenouras, talvez esteja na altura de começar a semear.
Se não temos cenouras, talvez esteja na altura de começar a semear.
Olá mana!
ResponderEliminarDesejo agora simplesmente poder abraçar-te e deixar-te descansar no meu colo! Ser por momentos a "cenoura" que precisas para continuar em frente, para te apaziguar o cansaço! Mas frequentemente és tua a minha "cenoura" e de certo a "cenoura" de grande parte das pessoas com que te cruzas aí na tua Guiné! Quando tu acreditas e segues em frente, tantos de nós voltamos a sorrir e a retomar o caminho! Boa sorte a cuidares das tuas cenouras sementes, que continuem a brotar como a força que és! MUITAS, MUITAS, MUITAS saudades ... de ti, do brilho, da gargalhada! Um beijo da nossa Madalena até à tua Guiné. Elsa
Sempre juntas* SEMPRE!
Eliminarobrigada, mana.