Irmãos

Não imagino a minha vida sem eles; não imagino os dias, o crescimento, a família.
Estão lá desde sempre. Em tudo que me lembro: na mesa de jantar, no quarto ao lado, no sofá, a bater na porta da casa-de-banho, a cantar os Parabéns, a acordar de manhã.
Entre eles somos transparentes. Não há nada que possamos esconder. E não é preciso. Ninguém nunca nos aceitará tão incondicionalmente.
Com eles descobrimos a amizade: são os primeiros amigos que fazemos e os mais importantes. Aprendemos a doçura da cumplicidade e partimos para o mundo a saber confiar e partilhar.
Se nos concretizamos em relação, é nesta que fica a minha essência.
A irmã mais velha, segunda mãe, que me apertava as bochechas e hoje me aperta o coração de saudades, que me protegeu, ensinou, orientou. Sempre me compreendeu e apoiou, concordasse ou não. Cresci a partilhar com ela as frustrações e alegrias. Nela tive sempre um ombro para chorar os dramas da adolescência, as inseguranças da vida adulta. Nela esperam-me sempre olhos gigantes de luz para celebrar conquistas e surpresas, sorrisos de ternura e gestos que me mimam e encantam.
O irmão mais novo é uma espécie de ensaio de maternidade, de despojamento, de entrega, de adoração quase ridícula, mas genuína e profunda. É menino sem tempo, mais pequeno que o seu tamanho, mas maior que o mundo, ainda a descobrir verdades e caminhos. O melhor companheiro e a melhor companhia!
Se a irmã mais velha me acolheu na família, o mais novo chegou mais tarde, mas às vezes é difícil acreditar: as fotografias antigas em que ele ainda não estava causam estranheza, como se não fizesse sentido imaginar a família assim. E não faz. Somos três. Sempre fomos e sempre seremos.
E gostamos tanto uns dos outros!
 
Acho que é por isso que os nossos pais relevam momentos como serem acordados a meio da noite pelos três histéricos com uma piada sem jeito. Porque talvez nenhum sonho, ainda que interrompido, seja melhor do que três filhos felizes que se amam e cuidam.
 
Que utopia boa esta! É mais fácil voar quando é este o nosso chão.

 
 
Irmãos. Estes sãos os meus. E são os melhores do mundo.

4 comentários:

  1. Revi-me em cada palavra mana ... Sou abençoada, grata e MUITO, MUITO feliz por vos ter! Existem em mim, são o meu prolongamento, parte do meu ser e não sei ser de outra forma e não sei como era antes de vos ter! Um beijo com todo o nosso Amor!

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